A Arte do Tarô
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Meu Hierophante...
sexta-feira, 25 de março de 2011
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
O Ano do Imperador
“Bem diga o trabalho de tuas mãos e no do pensamento coloque o coração...”
Aproveito para postar aqui o excelente texto de meu amigo Emanuel do Conversas Cartomânticas, no Clube do Tarô sobre "O Ano do Imperador". Leia aqui.
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
sexta-feira, 17 de abril de 2009
O Tarô e os Elementos
O leitor deve ter bem presentes, todas as classificações tripartidas. Em alguns casos, um grupo será mais útil que outro. No momento, concentraremo-nos na série fogo, água, ar.
Devemos ter em mente, simultaneamente, estas duas interpretações. Os cabalistas, depois de
inventarem o Tarot, procederam a fazer ilustrações dessas idéias abstratas do pai, a mãe, o filho e a filha, e as chamaram de Cavaleiro, Rainha, Príncipe e Princesa. Às vezes, aos Príncipes e Princesas se chamam de “Imperador” e “Imperatriz”.
A razão dessa confusão está relacionada com a doutrina do Louco do Tarot, o legendário Errante que ganha a filha do Rei, lenda que está conectada com o plano antigo e extraordinariamente sábio de eleger o sucessor do rei baseado na habilidade de que para ganhar a filha do rei é necessário vencer a todos os competidores. (A Rama Dourada de Frazer é uma autoridade no tema).
Para o nosso baralho (Tarot de Crowley), acreditou-se ser mais conveniente adotar os termos “Cavaleiro”, “Rainha”, “Príncipe” e “Princesa” para representar a série pai, mãe, filho, filha, pois a doutrina implicada, que é altamente complexa e difícil, assim o requer. O pai é o “Cavaleiro” porque aparece representado a cavalo. Pode ser esclarece dor descobrir os dois principais sistemas, o hebraico e o pagão, como se fossem (e sempre o foram) sistemas concretos e diferentes.
O sistema hebraico é direto e irreversivel; postula ao pai e a mãe de cuja união nasce o filho e a filha. E aqui termina. Somente após especulação filosófica posterior é que se encarregou de derivar a díade Pai-Mãe da unidade manifesta, e quem ainda mais tarde buscou a fonte dessa unidade no Nada. Este é um esquema concreto limitado e tosco, com seu princípio sem causa e seu estéril final.
O sistema pagão é circular, autogerado, auto-alimentado, autorenovado. É uma roda em cuja borda estão pai-mãe-filho-filha; eles se movem ao redor do eixo imóvel ou zero; unem-se à vontade; transformam-se um no outro; para a órbita não há princípio nem fim; nenhum é superior ou inferior. A equação (Zero=Muitos=Dois=Um=Todos=Zero) está implícita em todas as modalidades de existência do sistema.
Ainda que isso seja tão complexo, conseguiu-se ao menos um resultado muito desejável: explicar por que tem o Tarot quatro cartas com figura, não três. Isso explica porque há quatro naipes. Os quatro naipes chamam-se: “Paus”, atribuído ao fogo; “Copas”, atribuído à água; “Espadas”, atribuído ao ar; “Ouros” (“Moedas” ou “Pantáculos”), à terra. O leitor advertirá esta interação e reciprocidade ao número quatro. É também importante que advirta-se que até mesmo na ordenação décupla, toma parte o número quatro. A Árvore da Vida pode ser dividida em quatro naipes: O número 1 corresponde ao fogo; os números 2 e 3, à água; os números 4 a 9, ao ar; e o número 10, à terra. Essa divisão corresponde à análise do Homem. O número 1 é sua essência espiritual, desprovida de qualidade ou quantidade; os números 2 e 3 representam seus poderes criativos e transmissores, sua virilidade e sua inteligência; os números 4 a 9 descrevem suas qualidades mentais e morais concentradas em sua personalidade humana; o número 6 é, por assim dizer, uma elaboração concreta do número 1; e o número 10 corresponde à terra, que é o veículo físico dos nove números prévios. Os nomes destas partes da alma são: 1 Jechidah; 2 e 3 Chiah e Neschamah; 4 a 9 Ruach; 10 Nephesch..
Estes quatro planos correspondem também aos denominados “Quatro Mundos”, para entender a natureza das quais devemos nos remeter, com todas as devidas reservas, ao sistema platônico. O número 1 é Atziluth, o Mundo Arquetípico; mas o número 2, como aspecto dinâmico do número 1, é a Atribuição Prática. O número 3 é Briah, o Mundo Criativo em que toma forma a vontade do pai através da concepção da mãe, do mesmo modo que o espermatozóide, ao fecundar o óvulo, faz possível a produção de uma imagem de seus pais. Os números 4 a 9 incluem a Yetzirah, o Mundo Foraaivo, no qual se produz uma imagem intelectual, uma forma apreciável da idéia; e esta imagem mental se faz real e tangível no número 10, Assiah, o Mundo Material.
Por meio de todas essas atribuições confusas (e às vezes aparentemente contraditórias), com uma paciência inesgotável e uma energia pertinaz, se chega finalmente a uma compreensão lúcida, a uma compreensão que é infinitamente mais reveladora do que o que poderia ser qualquer interpretação intelectual.
Este é um exercício básico no caminho da iniciação. No caso de que fosse um racionalista superficial, seria muito fácil encontrar defeitos em todas essas atribuições e hipóteses semi-filosóficas; mas também é muito fácil demonstrar matematicamente que é impossivel golpear uma bola de golf.
Pois bem, os sephiroth, que são emanações do número 1, como já se disse, são coisas em si mesmas, em um sentido quase kantiano. As linhas que os une são forças da natureza de um tipo muito menos completo; são menos abstratas (...).
quinta-feira, 26 de março de 2009
A alquimia é uma das mais importantes ciências do ocultismo e, como tal, tem simbolismo próprio e aplicabilidades que são muito extensas para expormos com amplidão aqui. A alquimia é a Arte por excelência, e ocupa-se da Grande Obra, que é transformar o próprio homem em
ouro. Enganam-se aqueles que, por desconhecimento, traduzem a alquimia como a busca da Pedra Filosofal (que é apenas um dos processos de transformação do alquimista) ou como a precursora da química moderna. Os alquimistas escondiam suas descobertas e processos, usando uma linguagem simbólica e uma escrita hierática (misteriosa). Poucos são aqueles que conseguem desvendar o sentido oculto naquelas páginas amareladas pelo tempo, que guardam segredos arcanos. Crowley, em seu Tarot, recheia as cartas com um linguajar alquímico
que, para ser penetrado, deve ser investigado com muito cuidado, para não se cair em erro.
A astrologia é uma ciência milenar que estuda a relação dos astros com o mundo em que vivemos. Inicialmente, seu estudo era voltado principalmente para prever e antecipar
chuvas, catástrofes naturais e coisas do gênero. Mais tarde, tornou-se uma arte régia (pois era utilizada para fazer prognósticos aos reis e seus reinos) e hoje ela busca respostas para o ser humano moderno. Podemos dizer assim: no seu princípio, ela era auxiliar do homem no intuito de controlar o mundo em que vivia. Hoje, como o mundo já não é um mistério aos olhos do homem moderno, a astrologia o auxilia num terreno ainda pantanoso: o seu próprio interior. O homem que hoje domina a natureza, ainda não domina a si mesmo.
Relações com a Geomancia
A geomancia foi objeto de estudo da Golden Dawn e Crowley a utiliza, em especial, nos Arcanos Menores.Com isso, fica fácil perceber que as relações do Tarot com outras ciências esotéricas são bastante amplas.
O Tarot aceita tudo. Ele é um livro aberto, mesmo quando está fechado. E suas páginas nunca se acabam, apesarde serem apenas 78. Como isso é possível? Basta tentar calcular a combinação de 78 cartas com substituições e se obterá um número tão gigantesco, que até se chegar a todas as combinações possíveis, o Universo já terá acabado. Logo, tudo pode ser contido nessas 78 lâminas sem que elas se esgotem. Seus limites acompanham o limite do Universo. Qual é esse limite? Arriscamos dizer que ele ainda não foi encontrado.
Ao estudante sincero dizemos que “a verdade se dá a conhecer na mesma proporção que se investe nela”, parafraseando Milorad Pavitch no seu Dicionário Kazar.
Como conselho ao estudante do Tarot, diremos apenas que as relações citadas aqui são apenas a ponta do iceberg. As verdadeiras relações e as mais profundas lhe serão indicadas pelo próprio Tarot à medida em que sua dedicação, seu espírito e seu intelecto assim o permitirem.
Como Identificar Relações Entre As Cartas Do Tarô
Adição Teosófica
É feita para se conhecer o valor teosófico de um número. Consiste em somar aritmeticamente todos os algarismos, desde a unidade até esse mesmo número, inclusive, ou seja, a soma do
número e de seus precedentes.
Assim, numa adição teosófica, o número 4 é igual a todos os algarismos somados de 1 a 4 inclusive, isto é: 1+2+3+4=10
O número 7 é igual a:
1+2+3+4+5+6+7=28=2+8=10
O número 12 é igual a:
1+2+3+4+5+6+7+8+9+10+11+12=78
Exemplo de Adição Teosófica:
Ao trabalharmos com a adição teosófica, percebemos que, a cada três números, volta-se à unidade. Ou seja: 1=4=7=10
pois:
1=1
4=1+2+3+4=10=1
7=1+2+3+4+5+6+7=28=10=1
10=1+2+3+4+5+6+7+8+9+10=55=10=1
De tal consideração percebe-se que:
1.º) Todos os números produzem, em sua evolução, os quatro primeiros.
2.º) O último destes quatro primeiros, o número 4, representa a unidade em uma oitava
diferente.
3.º) Todas as cartas estão intimamente ligadas entre si a cada três (pois no quarto, volta-se à unidade) números.
Ou seja, a carta I tem relação com a carta IV, a carta X com a carta XIV, e assim sucessivamente. Pode-se apreender daí que, para descobrir as relações ocultas entre as cartas, deve-se somar 4 ao valor da carta para descobrir a sua sucessão, e diminuir 4 para descobrir a sua antecedente. Esse método aplica-se separadamente aos Arcanos Maiores e Menores, não se aplicando ao Louco (Arcano 0) e à Realeza (já que essas não têm valor numérico algum), pois, como variam as distribuições das cartas entre eles, é temerário utilizar-se o Tarot completo (as 78 cartas) para tal cálculo. Ao se chegar à última carta no grupo (Maiores ou Menores), essa carta terá apenas antecessor e não terá sucessor.
Redução Teosófica
Consiste em reduzir todos os números formados por dois ou mais algarismos em um número com um só algarismo. Isso é feito, somando-se os algarismos que compõem o número, até que fique apenas um.
Exemplo:
10=1+0=1
11=1+1=2
12=1+2=3
126=1+2+6=9
2488=2+4+8+8=22=2+2=4
A redução teosófica prova que todos os números, quaisquer que sejam, reduzem-se aos nove primeiros.
Este tipo de cálculo também é conhecido como método pitagórico.
segunda-feira, 23 de março de 2009
Simbolismo do Tarô em Catedrais Góticas
Selinho de amizade
sábado, 14 de março de 2009
Um diálogo com a Papisa
Como explicação desse método, incluo aqui uma conversação elucidante que tive recentemente
com a Papisa sobre a sua posição como número dois na seqüência do Taro. Eu estivera imaginando se o fato de ser a segunda poderia fazê-la sentir-se de qualidade inferior. Fossem quais fossem os seus sentimentos, percebi que ela não se estava esforçando ao máximo. Lá sentada, como sempre, há séculos, imóvel e serena, sabendo o que sabia e aparentemente segura da sua sabedoria. Qual era o seu segredo?
Quando me aproximei do trono da Papisa com essa pergunta engatilhada, ela enrijeceu
imperceptivelmente o corpo e parte dela fugiu à procura de abrigo (como acontece com os introvertidos).
Quando se certificou de que todos os seus postigos internos estavam fechados, a dama reconheceu minha presença e concedeu-me uma audiência com graciosa inclinação da cabeça.
Senhora Papisa, muitas mulheres acham hoje que a senhora deveria ser a número um do Taro.
Concorda com elas?
"De maneira nenhuma!" replicou ela. "Veja bem, faz séculos que o número um pertence ao Mago. Aliás, fica-lhe perfeito, não lhe parece? O numero um é esguio e móvel como a varinha dele, ideal para o seu tipo de mágica. Mas não serviria de maneira alguma para carregar um bebê, cozinhar um caldeirão de sopa ou tramar uma intriga. Não, para a minha mágica não há nada melhor do que esse gozado e gordo número dois. Sinto-me felicíssima com ele."
Depois disso, a dama ficou em silêncio, deixando-se cair no antigo poço da memória. Ao fazê-lo,
os anos foram desaparecendo e o seu rosto principiou a brilhar com o frescor do jardim do Éden.
"Sabe de uma coisa", voltou ela com um dar de ombros e uma risada de meninota que lembrava
Eva, "para um número par, o dois é meio esquisito, não lhe parece? Quero dizer, o dois é gordo e
substancial como um pote mas, ao mesmo tempo, é meio enrolado e esquivo, como uma cobra."
Nesse ponto, a oradora fechou os olhos e deixou-se levar outra vez com um sorriso recordativo...
Por fim, despertou com um esforço, reassumindo a pose e o comportamento da Papisa.
"Não dê atenção a esses freudianos, filha", disse ela. "Eles não entendem de cobras. Há um
montão de coisas de que eles não entendem em relação ao nosso malvado, manhoso, maravilhoso número dois! Sim, estou muito satisfeita com o lugar da mulher", concluiu suavemente, cantarolando uma melodiazinha na garganta.
Mas a senhora não preferiria ser a primeira?
Seguiu-se outra longa pausa.
"Você deve ler da esquerda para a direita, com certeza", disse ela finalmente, com os olhos fixos
num ponto cerca de trinta centímetros acima da minha cabeça e com vários séculos de profundidade.
Mas, Senhora, seja qual for a direção em que se lê, ao contar, o número um sempre vem primeiro!
"Isso é verdade, minha querida", assentiu ela placidamente, "e o número dois vem depois. A
matemática foi difícil para mim, também, a princípio, mas a gente logo se acostuma a ela".
Mas sem dúvida é melhor ser primeira?
"Ah, meu Deus!" suspirou ela. "Quanto trabalho vocês, modernos, arranjam para si mesmos com
toda essa avaliação! Não admira que tenham inventado computadores a fim de trabalharem um pouco para vocês."
Quer dizer que a senhora é contra a avaliação? Deve achar, então, que a gente ser primeira ou
segunda dá no mesmo?
"Oh, não. É claro que não dá no mesmo. É diferente. Muito diferente. Aí bate o ponto, entende?
Nem melhor nem pior - apenas diferente. Cada lugar tem o seu sabor - como as especiarias - ou os perfumes. Gosto de pensar que somos flores - o Mago, uma virga-áurea e eu, uma rosa."
Sim, percebo. Mas há duas coisas que ainda me intrigam. Dizem que Eva foi uma idéia tardia do
Criador - a costela de Adão, a senhora sabe. Isso é verdade?
"Tolice! A costela de Adão foi completada antes que ele o fosse. O fato é que Adão só deu por ela
mais tarde. Foi isso que aconteceu.
"Tenho aqui uma gravura, em algum lugar, que conta a história toda. Mostra exatamente o que se deu no Éden por ocasião da Criação, e o que ainda está se dando hoje. Você sabe", disse ela, olhando atentamente para mim enquanto procurava a gravura nas dobras da túnica, "você sabe", repetiu, "que vocês, crianças, ainda estão presos ao Éden de muitas maneiras. A sua criação ainda não acabou - esse é um serviço que vocês (como todos os filhos de Deus em toda a parte) terão de acabar pessoalmente...
Ah, aqui está a gravura!" gritou, mostrando esta excelente ilustração de William Blake.
A Fêmea Surgiu da Escuridão Dele / William Blake
"Por aqui se vê perfeitamente que Eva não é a costela de ninguém! É, antes, uma deusa e, como
todos esses imortais, nasce adulta - um nascimento milagroso. Atrás dela, ergue-se a sua gloriosa serpente. Não são lindas as duas? Mas Adão está dormindo; nem sabe que ela existe. Hoje ele começa a despertar para a realidade dela, mas ainda não sabe muita coisa a seu respeito. Na verdade, nem mesmo Eva está plenamente convencida da própria realidade. Se olhar para o rosto dela, você a verá ainda absorta num sonho, colocada, como a Miranda de Shakespeare, no limiar de um Corajoso Mundo Novo.
"Blake deu ao quadro o nome de A Fêmea Surgiu da Escuridão Dele. Muitas pessoas, hoje em
dia, dizem que foi apesar da escuridão de Adão, e não dela, que Eva conseguiu nascer. Enfatizam
também as palavras apesar de, ao contar como Eva (coitadinha) tem lutado todos esses anos contra a inconsciência do seu homem, sofrendo os muitos olhares torvos (e olhos pretos) que ele lhe deu ao longo do caminho! Não foi esse, porém, o modo com que Blake o pintou, ela disse. E também não é o modo com que o vejo. Segundo Blake, foi da escuridão de Adão - quase que se poderia dizer por causa dela, que Eva veio a nascer. (Eu gostaria que ela pudesse encontrar em seu coração, para oferecer a ele, um pouco mais de gratidão - e um pouco menos de rancor!)
"Imagine só: o mundo deles era um mundo de Jeová, de rigorosos mandamentos e proibições, e o Senhor Adão era o seu herdeiro presuntivo. Só na sombra da escuridão adormecida de Adão se poderia encontrar um ventre seguro para a concepção e um espaço secreto para o crescimento de Eva. Adão (bendito seja) guardou sua escuridão para ela e alimentou-a com seus sonhos. Ele sonhava com ela constantemente, você sabe - e suspirava por ela. De modo que foi, na verdade, por causa dos sonhos e da necessidade de Adão que Eva encontrou um jeito de realizar-se. Entende?
deles sabia disso. E visto que surgira dos sonhos dele, ela simplesmente os incorporou, pois ainda não encontrara sua essência própria. Hoje, quando ela descobrir quem ela é, ele descobrirá novos sonhos para sonhar. Um dia sonhará às deveras. Você verá.
"Oh, não se pode negar que os primeiros sonhos foram inadequados. Os primeiros sonhos muitas
vezes o são. Mas são também as sementes de toda realidade, minha querida. Lembre-se disso."
Por alguns momentos, a Papisa e eu permanecemos em silêncio, matutando juntas no Adão
adormecido. Depois, ela disse, de repente:
"Não se incomode com o que poderão dizer quando estiverem acordados, filha. Eles nos
alimentam com os seus sonhos e suspiram pela nossa verdadeira realidade. Nunca se esqueça disso.”
Após uma pausa, enquanto eu me lembrava de não esquecer, a Dama voltou-se para mim e
perguntou-me gentilmente:
"Parece que você tinha mais uma pergunta?
Bem, esta se relaciona com o Sol e a Lua. Há um boato segundo o qual a luz da Lua é de
qualidade inferior, pois ela não passa de um refletor da poderosa glória do Sol — ela não tem essência nem divindade próprias. Que é que a senhora pensa sobre isso?
"Ora", disse a Papisa, meneando a cabeça. "Quem quer que dê curso a boatos assim - não há de
ser mulher, você pode estar certa! Felizmente, tenho aqui uma coisa que lhe sossegará o coração."
Dizendo isso, a dama tirou do seu volumoso manto uma gravura. "Como está vendo", prosseguiu, "eis aqui um excelente quadro de Rafael - Deus Criando as Duas Grandes Luzes. Veja com os seus próprios olhos como Ele fez, pessoalmente, o Sol e a Lua ao mesmo tempo, com cada uma das suas mãos.
Deus Criando as Duas Grandes Luzes / Afresco de Raphael
Deus Criando o Universo / William Blake
Para fazer um todo é indispensável o dois... é indispensável o dois".
quarta-feira, 11 de março de 2009
Por Que a Adivinhação Funciona
tudo mais."1
C.G. Jung afirmou: "Todo o universo está contido nas mínimas partículas que, portanto, correspondem ao todo"2
são iguais. "
As virtudes das últimas pesquisas realizadas em várias ciências modernas demonstram fisicamente que aquilo que esses e outros astutos pensadores vêm dizendo o tempo todo é
verdade: tudo no universo está intimamente relacionado a todo o resto. A ciência mais discutida onde isso vem sendo confirmado é a Física Quântica.
O Efeito de Ressonância Eletro-paramagnético (Efeito ERP), um mecanismo da física, foi matematicamente teorizado pelo físico John Stewart Bell em 1964 e, mais tarde, comprovado
pelo físico John Clauser em uma experiência de laboratório na qual fótons subatômicos foram expostos à mesma polarização e depois disparados em direções opostas. Clauser, auxiliado por Stuart Freedman, descobriu que após dois fótons polarizados serem separados, eles ainda respondiam ao mesmo estímulo.
comum, independente do quanto duas partículas possam estar distantes uma da outra, ou de quanto tempo passe, elas continuarão a compartilhar a mesma polarização e algo em comum uma com a outra, mesmo talvez pela eternidade e pelo infinito.
A eternidade e o infinito são um tempo muito longo em um vasto espaço para duas coisas compartilharem experiências. Porém, aparentemente, isso é exatamente o que as partículas fazem.
fim.
"Em geral acreditamos que todos os prótons que existem hoje — pelo menos um em cada átomo no universo — foram criados no primeiro centésimo de milionésimo de um segundo após o Nascimento Cósmico. Recentemente, os cientistas vêm procurando, com instrumentos sofisticados, sinais de que o próton pode, na realidade, desintegrar de forma espontânea
ocasionalmente, e eles chegaram à conclusão de que se o próton desintegrar de alguma maneira, a vida média deve ser de, pelo menos 100.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000 anos ... Essa unidade extraordinariamente tenaz de matéria serve como o núcleo do átomo
de hidrogênio, o mais simples e mais abundante no cosmos."4
O físico Jean Charon em seu livro The Unknown Spirit: the Unity of Master and Spirit in Space and Time, também menciona o tempo infinito (eternidade) e o espaço sem fim (infinito) das
partículas. Ele diz: "Há mais elétrons em um centímetro cúbico de ar em nosso planeta do que estrelas no cosmos... Como sabemos, Júlio César foi morto em 44 a.C. Como todo mundo faz quando dá seu último suspiro, ele expeliu na atmosfera aproximadamente um litro de ar dos pulmões. Portanto, aqui está a questão: a cada inalação, e em qualquer lugar do planeta, não estamos inalando alguns dos elétrons que constituíram as moléculas de ar do suspiro final de Júlio César? Podemos dizer que esse último litro de ar de César foi uniformemente diluído no planeta durante o passar do tempo, e que penetrou em todas as camadas atmosféricas, atingindo 100 km de altura ao redor do planeta. Um cálculo simples fornecerá a resposta.
`Sim, no momento respiramos aproximadamente 100 elétrons de César em cada inalação: "5
É provável que ninguém seja capaz de provar empiricamente que as partículas são infinitas e eternas, mas o tempo e o espaço que os físicos descobriram que as partículas abrangem é tão fenomenal que não existem muitos de nós capazes de discutir o assunto. O postulado científico de que certas partículas nunca desintegram, e que toda a criatura viva compartilha partículas com cada outra criatura viva, e, já que toda a matéria e o espaço são partículas,
parece sugerir aquilo que os místicos vêm dizendo todo esse tempo: tudo está ligado e tudo que acontece a qualquer um de nós acontece a todos nós.
A física não é, de forma alguma, a única ciência que deduziu que a vida pode estar intimamente ligada de forma infinita e eterna, mesmo em modos manifestos com os quais jamais sonhamos,
porque os pesquisadores modernos de todos os tipos — programadores de computador, matemáticos, astrônomos, astrofísicos, neurologistas — estão se aprofundando em seus campos de especialização e surgindo com protótipos do universo semelhantes.
O Paradigma Holográfico da tecnologia de luz moderna demonstra o mesmo princípio da unidade da vida. Agora que a ciência é capaz de produzir um holograma fisicamente, somos capazes de realmente visualizar como todas as partes estão ligadas, ou contidas em um todo, de forma muito literal. Um feixe de laser é luz concentrada e enfocada no espectro eletromagnético, que o
torna igual às outras formas de luz exceto que nos capacita a ver coisas que nossos olhos físicos não registram na luz difusa comum.
Um holograma é produzido pela divisão de um feixe de luz de modo que o laser se reflete de volta em si mesmo. O resultado é uma imagem tridimensional que de todas as formas, exceto pela ausência de uma barreira material, parece e age exatamente como a realidade tridimensional. Muitos de nós viram o primeiro holograma em um filme chamado "Guerra nas estrelas" quando o R2D2 projetou para Obewankanobee a imagem holográfica da Princesa Lea. A coisa mais interessante sobre um holograma é que todas as suas partes estão contidas na forma de todos menores dentro de um único todo maior. Se um holograma de uma maçã é cortado em 16 pedaços diferentes, cada um dos 16 pedaços contém uma imagem da maçã inteira. Os cientistas não sabem por que ou como isso ocorre, mas dos holográficos (visão total) e dos holofônicos (som total) surgiu o Paradigma Holográfico, que é a teoria de que o universo inteiro é um Super Holograma gigante e que todas as coisas nele são apenas todos menores que constituem imagens completas contidas em um todo maior. O fenômeno holográfico confirmou para algumas
pessoas que a vida não se limita a apenas àquela banda estreita do físico que os cinco sentidos humanos registram, mas podemos sentir sem limites e sem fronteiras. Se lembrarmos daquilo que foi discutido no capítulo 1, isto é, aquilo que Hermes propôs há mais de 3.000 anos e que é denominado de Lei Hermética da Correspondência: assim como em acima, embaixo. E assim como embaixo, em cima. Como na tradução do latim de texto das Tábuas de Esmeralda de Hermes Trismegisto, a Lei Hermética da Correspondência diz precisamente: "Quod est inferius est sicut quod est superius et quod est superius est sicut quod est inferius ad perpetranda miracula rei unias" ("O que é inferior é como o que é superior e o que é superior é como o que é inferior para perpetuar o milagre do deus unificado")6. Para os leitores que desejarem mais informações a respeito do Paradigma Holográfico, Michael Talbot o explica divinamente em seu livro The Holographic Universe.7
C.G. Jung, Marie von Franz, R David Peat e muitos outros eruditos também descreveram o mesmo princípio da unidade universal usando a teoria da sincronicidade de Jung. A definição de
uma sincronicidade é: "uma ocorrência no tempo ou no espaço na qual dois ou mais eventos ou objetos aparentemente não relacionados possuem o mesmo ou semelhante sentido." De forma
mais simplificada, Jung disse que uma sincronicidade é uma "coincidência com sentido".8
Se na vida real as coincidências realmente ocorrem, ou se tudo na vida é tão planejado que apenas parece não estar relacionado quando, na realidade, tudo está muito relacionado, vem sendo seriamente debatido entre alguns dos maiores eruditos em sincronicidade do mundo. Muitos pesquisadores acreditam que há uma simetria comum e universal subjacente em todas as coisas, que tudo é sincrônico, e é apenas em raros momentos que somos capazes de visualizar um mecanismo maior em funcionamento que incorretamente chamamos de coincidência.
E tudo isso é a razão por que a adivinhação funciona. Muito embora não sejamos normalmente capazes de perceber que funciona, aparentemente, tudo funciona. Se você é capaz de ver um
pedaço de um holograma, você conseguirá uma boa noção do holograma inteiro. Se você for capaz de ter um lampejo de uma sincronicidade, você pode ser capaz de ver a parte que ela desempenha em um mecanismo maior. Ou, em outras palavras, todas as coisas estão em todas as coisas.
Sempre disse que um adivinhador suficientemente bom pode ler qualquer coisa, cartas, pedras rúnicas, bola de cristal, folhas de chá, até mesmo as rachaduras da parede. Por ser o mundo uma
semelhança de si mesmo — ou por Deus o ter criado à sua Imagem — como a física quântica, o Paradigma Holográfico, sincronicidade, e muitos outros modelos podem sugerir o que está ao nosso redor, a qualquer dado momento, é aquilo com que somos mais parecidos, mas apenas reconhecemos aquela parte da semelhança à qual somos capazes de perceber. Estamos apenas conscientes de qualquer dimensão, plano, evento, situação ou parte da vida que percebemos,
e a razão pela qual o percebemos em primeiro lugar é porque isso é aquela parte com a qual somos mais parecidos. Quando colocamos as cartas do Tarô estamos tentando olhar para uma parte da vida que não reconheceríamos normalmente. E, independente do sucesso ou
fracasso, de qualquer forma veremos nosso próprio reflexo nas cartas, tão certamente quanto se fossem espelhos muito polidos refletindo a própria imagem de nós mesmos.
Se isso parece simplista, talvez seja porque, no fim, é possível que o universo em si seja simples. Em geral, são as pessoas que tendem a complicar as coisas. A teologia e a mitologia atribuem
todo o nosso problema de início ao Pecado Original. O Pecado Original ocorreu quando Adão e Eva (ou suas contrapartidas culturais em outras religiões) foram expulsos (ou escolheram deixar,
dependendo de que versão da estória você está lendo) do Jardim do Éden e se separaram de Deus. A estória de Adão e Eva pode ser literalmente verdade, ou uma alegoria mitológica, mas seja qual for é supostamente quando primeiro a humanidade começou a acreditarse
separada de Deus. E, uma vez que Deus é um e Todo, é também quando começamos a nos ver separados e divididos de tudo o mais também. Aparentemente, a humanidade não mudou tanto assim desde que Adão e Eva originalmente expressaram sua individualidade, porque ainda nos vemos como indivíduos, separados de Deus, e de outras pessoas, e de outras criaturas.
Curiosamente, em geral, nos vemos como melhores do que todos os acima. O que, de acordo com os Sufis, foi o que causou a Queda, ou separação, e ainda continua a causá-la. O fato de que não
conseguimos ver o Todo como a Unidade e nos acreditamos corpos e mentes separados parece resultar de cada um de nós ser limitado àquilo de que estamos pessoalmente conscientes. Ou como Jung uma vez escreveu: "Vemos aquilo que enxergamos."10 Todo conflito deriva da incapacidade de perceber outras realidades.
Em teoria, a adivinhação pode funcionar para qualquer um. Em teoria, qualquer coisa pode ser lida, até mesmo um aquário. No entanto, a capacidade de adivinhar qualquer coisa com precisão
depende da boa capacidade de visão do leitor. Se as pessoas se deixarem cegar pelas próprias projeções, se estiverem fixadas subconscientemente nas crenças pessoais de forma que sejam incapazes de ir além dos próprios temores e desejos (seus ângulos pessoais sobre o Anjo/Ancanjo/Arcanum), elas não serão capazes de ver qualquer coisa, mas o próprio subconsciente em uma leitura, não importando para quem está sendo feita a leitura. Uma vez que, na realidade, o universo é um todo único indivisível, quanto mais as pessoas se sentirem separadas de alguma coisa nele, menos são capazes de ver qualquer coisa exceto as próprias crenças em outras pessoas e em virtualmente tudo que existe. Já que todos enxergam as próprias semelhanças, ou ângulos, ou porque igual atrai igual, com freqüência, acontece que as pessoas buscam respostas de outras pessoas que têm os mesmos problemas, idéias e situações na vida. Por essa razão, psiquiatras, conselheiros e tarólogos parecem, muitas vezes, saber a resposta para certos problemas, mas o conselho ou a leitura oferecidos serão tão limitados, ou ilimitados, quanto os leitores e consulentes.
A adivinhação bem-sucedida não é aleatória, nem por acaso. É um reflexo codificado do universo agindo em nós e em tudo que existe. As cartas não fazem acontecer o que nós vemos nelas, elas
meramente refletem o que já está lá. Elas refletem aquela porção do Todo que somos capazes de reconhecer. Não importa se colocamos Tarô por brincadeira, negócio, uma sensação de poder, crescimento ou busca espiritual, ele funciona. E como tudo o mais na vida — nossos empregos, relacionamentos, objetivos, carros e cafeteiras —, ele funciona na proporção exata daquilo que damos a ele e daquilo que somos capazes de receber dele. Talvez seja como C.G. Jung disse certa vez: "O espírito e o sentido de Cristo estão presentes e são perceptíveis por nós sem a ajuda de milagres. Apenas aqueles que não conseguem perceber o sentido dos milagres desejam entendê-los. Eles são meros substitutos para a realidade incompreendida do Espírito. "11
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1. E. David Peat, Synchronicity: lhe Bridge Between Matter and Mind, p.47.
2. C.G. Jung. Psyche ér Symbol, p.250.
3. André Gide, The Fruiu of the Earth, p.14.
4. Louise B. Young. The Unchanged Universe, p.39.
5. Jean Charon, The Unknown Spirit. The Unir), of Matter and Spirit in Space and Time, p.100.
6. Mouni Sadhu, The Tarot, p.44.
7. Tradução literal: O universo holográfico.
8. C.G. Jung. Synchronícity: An Acausal Connecting Principie, p.21-5.
9. A autora pretende fazer uma associação entre Horseshoe Lane [via da ferradura] e
Palomino Drive [alameda dos palominos, um tipo de carvalho)
10. C.G. Jung. Psychological Types, p.9.
11 . C.G. Jung, Psychology & Religion — West & East, parágrafo 554.
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Bibliografia:
Riley. lana, Dictionary and Compendium, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 1995
Os Arquétipos retratados no "Livro Mágico"
Perceber que o Tarô é a representação de 78 arquétipos não nos esclarece, no entanto, a respeito do que constitui precisamente um arquétipo. Os psicólogos, esotéricos e teólogos falam sobre
arquétipos sem fornecer-nos definições claras. Os arquétipos formam a espinha dorsal da psicologia moderna. Eles são as imagens de onde derivam os anjos e demônios de todas as religiões. Os heróis e vilões dos contos de fadas, mitos, romances modernos e dos filmes, o mocinho com o chapéu branco e o malvado com o preto, o corcel confiável do primeiro e a heroína desprotegida a espera do resgate são todos arquétipos. Os arquétipos são pintados nos muros das catedrais e nos templos sagrados, e as corporações inconscientemente estruturam sua hierarquia nessas imagens. Elas aparecem nos trabalhos de Leonardo da Vinci, Michelangelo,
Salvador Dali e todos os artistas e músicos de todos os lugares. Os arquétipos formam a base de todos os livros escritos, todos os filmes filmados e todas as canções cantadas. Os arquétipos são encontrados ao nosso redor em todas as formas e movimentos.
Para descrever o que os arquétipos são na verdade, talvez seja útil examinar algumas das várias formas em que os diferentes estudiosos têm tentado defini-los todos esses anos. Começando nos
primórdios da sabedoria popular antiga, Hermes Thoth Trismegisto, o famoso sábio-mágico-estudioso do Egito, definiu os arquétipos de maneira bastante parecida à do primeiro livro do Gênesis da Bíblia. Sobre os arquétipos, Hermes escreveu:
Antes do universo visível ser formado, seu molde foi feito. Esse molde foi chamado de Arquétipo, e esse Arquétipo se encontrava na Mente Suprema muito antes do processo de criação começar. Contemplando os Arquétipos, a Mente Suprema se apaixonou pelos próprios pensamentos; portanto, tornando a Palavra como um martelo poderoso, ela escavou cavernas no
espaço primordial e moldou a forma das esferas no molde Arquetípico, semeando ao mesmo tempo, nos corpos recém-modelados, as sementes das coisas vivas. A escuridão abaixo, ao receber o martelo da Palavra, foi modelada em um universo ordenado. Os elementos se
separaram em camadas e cada um produziu novas criaturas vivas. O Ser Supremo — A Mente — masculina e feminina — produziu a Palavra. Dessa forma foi realizado, 6 Hermes: A Palavra que se move como um sopro pelo espaço chamou o Fogo devido ao atrito causado por seu movimento...( Manly P. Hall, The Secret Teachings of All Ages, p.xxxix. Citação retirada da "The Vision"; alguns estudiosos acreditam que ela foi escrita por Hermes)
Por mais bela e poética que essa descrição seja, quando pretendemos explicar o que constitui de fato um arquétipo, ela pode ainda deixar alguns de nós sentindo como se nossos indicadores estivessem abaixo do nível normal. Portanto, examinemos uma definição mais contemporânea, uma que talvez esteja mais sintonizada com nossa forma moderna de pensar.
C.G. Jung é o homem de nossa era responsável por uma vez mais trazer os arquétipos à atenção do público. Ele dedicou toda uma vida à exploração deles, e escreveu volumes sobre eles. Sobre os arquétipos, Jung escreveu:
Os conteúdos do inconsciente coletivo são conhecidos como arquétipos (...) essa parte do inconsciente não é individual mas universal; em contraste com a psique pessoal, ela possui conteúdos e modelos de comportamento que são mais ou menos iguais em todos os lugares e em todos os indivíduos... O arquétipo é essencialmente um conteúdo inconsciente que é alterado ao
tornar-se consciente e ao ser percebido, e assume sua cor a partir da consciência individual na qual por acaso aparece (C.G.Jung, The Archetypes eã the Collective Unconscious, p.3, 5).
A definição de Jung é oportuna para o Tarô por várias razões, não apenas porque descreve como os Arcanos Maiores se vinculam aos Menores, mas como os arquétipos são, acima de tudo,
universais no conteúdo (os Maiores) e, depois, se tornam pessoais ao serem percebidos pelo indivíduo (os Menores). É também, como uma pessoa mais holística pode imediatamente notar, uma forma quase clínica de dizer que todos nós criamos as próprias realidades por aquilo (arquétipo) de qual estamos mais conscientes. No entanto, a definição de Jung, precisa como é, pode ainda deixar alguns de nós um pouco confusos. Ainda que entendamos as definições de Hermes e Jung dos arquétipos, eles não nos explicam como aplicá-los na vida cotidiana. Portanto, passemos ao Webster's Ninth New Collegiate Dictionary, onde encontramos o arquétipo definido como: "padrão ou modelo original do qual todas as coisas do mesmo tipo são representações ou cópias.."
Logo, se por alguns momentos, pensamos sobre essas três definições diferentes de arquétipos, é possível que cheguemos a uma definição consolidada que pode ser algo como:
O Arquétipo original foi um pensamento na Mente de Deus — masculino e feminino. A Mente Suprema se apaixonou pelo próprio pensamento e criou a vida à sua Imagem pelo atrito de Sua Palavra, ou pelo movimento de Seu som. Isso fez com que o Universo fosse dividido em camadas ordenadas, e em virtude da criação estar dentro da Mente de Deus, tudo é um modelo ou uma cópia do padrão original, que é Deus.
Ou talvez algo com efeito semelhante. Se parece haver alguma confusão quanto a se a criação é modelada a partir de Deus ou a partir de Seu pensamento, provavelmente é devido ao fato de que os estudiosos esotéricos sempre sustentaram que o pensamento é, Deus é, que pensamento e Deus e Mente e Criação são sinônimos.
Somos o que pensamos. E o que pensamos, somos. Da mesma forma, também somos o que falamos. Esse mesmo conceito — da vida sendo moldada segundo o Arquétipo original — foi formulado de várias outras maneiras.
"Como acima, embaixo" "O que vai, volta" "Colhemos o que plantamos:' "Os iguais se atraem" "O que você faz aos outros será feito com você." "Olho por olho, dente por dente:' "Para toda ação
há uma reação igual e no sentido contrário"
Hunbatz Men, em seu livro Segredos da ciência/religião maia, salienta que a Bíblia diz que Deus nos criou à sua imagem e semelhança, e sugere uma analogia com a idéia de que Deus é energia, e que somos um reflexo daquela energia cósmica inteligente, da consciência cósmica. Nos maias o corpo é chamado de wuinclil, que significa "ser vibração." (Hunbatz Men, Secrefs of Mayon Science/Relìgion, p.81) Talvez isso esclareça novamente a natureza da imagem de Deus criada pela palavra e à sua semelhança, ou som: pois som é movimento, ou partículas de ondas de luz em movimento. Na derivação, wuinclil soa de forma suspeita como wunjo, uma pedra rúnica de alegria e luz; como unihipili, o eu inferior na ciência e religião de Huna que significa vitalidade, energia, corpo, emoção e movimento; e como Mundo, o 21° Arcano no Tarô, que significa som, alegria, luz, vida e dança, todos afins com a vibração, energia, luz e som.
A partir de Hermes, Jung, Webster e Meu, começamos a perceber que os arquétipos são difíceis de definir porque são tudo — com a complexidade adicional de que "tudo", ou "qualquer coisa", é
sempre definido pelo olhar de um indivíduo. Talvez essa seja a razão por que a palavra em si, arquétipo, se analisada do ponto de vista etimológico, também acaba significando tudo que é percebido pelos olhos do contemplador, pois a definição de arco é "algo com ângulos" e a definição de tipo é "uma espécie", portanto um arquétipo é "uma espécie de ângulo". Hermes descreveu como todos possuem seu ângulo pessoal a respeito de tudo dizendo que o Arquétipo passa através das camadas, e Jung afirmou que o arquétipo é tanto coletivo quanto individual. Poderia parecer que os ângulos, ou arquétipos, são tudo, mas, ao mesmo tempo, é a forma que individualmente vemos qualquer coisa que define sua realidade pessoal para nós, ou o ângulo do qual pessoalmente percebemos essa coisa. É por essa razão que Jung diz: "o arquétipo (...) é
alterado ao tornar-se consciente e ao ser percebido, e obtém sua cor a partir da consciência individual na qual por acaso aparece."
O Tarô é um livro mágico ilustrado que apresenta 78 ângulos pelos quais as pessoas percebem Um Grande Todo Indivisível. O poder do Tarô repousa em sua ampla aplicação a esse princípio universal. As interpretações, correspondências e sistemas de Tarô a seguir representam, de certa forma, tantos ângulos de um Deus, ou de uma vida de Tudo que Existe. E, como afirma Jung, acreditamos coletivamente, se não pessoalmente, que esses ângulos "são mais ou
menos os mesmos em todos os lugares..:' Veremos as semelhanças e as diferenças em várias interpretações arquetípicas. Quando as interpretações de fato parecem não concordar, é porque cada autor aborda o anjo de um ângulo ligeiramente diferente.
Ao trabalhar com várias interpretações, entenderemos, por fim, as muitas camadas de sentido que residem no simbolismo arquetípico mas, primeiro, é provavelmente apropriado chegar a um
consenso básico sobre terminologia porque o Tarô possui uma linguagem própria.
As Cartas da Realeza
Parece que, os criadores do Tarô, uma vez mais, quem quer que tenham sido, sabiam exatamente o que estavam fazendo. Entre 1913 e 1917, C.G. Jung escreveu o agora famoso livro, Tipos psicológicos, cuja primeira publicação ocorreu em 1923. Nesse livro, Jung descreve oito tipos de personalidades diferentes. Mais tarde, Katharine Briggs e Isabel Myers ampliaram a teoria original dos oito tipos de personalidade de Jung para dezesseis. Briggs e Myers planejaram um teste, ou indicador de tipo, agora chamado de Indicador de Tipo Myers-Briggs (ITMB), que é tão fantasticamente preciso que hoje é considerado por muitos como o instrumento mais exato disponível para verificar o tipo de personalidade, e é usado em empresas, universidades e centros de consulta em todo mundo. O ITMB baseia-se em dezesseis tipos de personalidade de
acordo com as quatro funções junguianas: sensação, emoção, pensamento e intuição, e são esses dezesseis tipos de personalidade arquétipa que as Cartas da Realeza representam. Embora, tanto quanto sabemos, Jung e Myers-Briggs não estivessem de forma alguma ligados à Ordem Hermética da Aurora Dourada, que no começo do século XX também descreveu as dezesseis Cartas da Realeza, as descrições da Aurora Dourada correspondem, com uma precisão sobrenatural, às personalidades estabelecidas pelo ITMB.
Os Arcanos
Arcanos Maiores
Os Arcanos Menores totalizam 40 cartas que mostram as várias maneiras como os 22 arquétipos dos Arcanos Maiores são experimentados na vida cotidiana. C.G. Jung, o pai da psicologia
humanista, acreditava que os arquétipos tendiam à manifestação (Keith Thompson, Anjos e extraterrestres).
Sendo assim, pode-se afirmar que os Arcanos Menores são os Maiores se manifestando no plano físico, ou que a consciência universal está se demonstrando na consciência individual.
Tarot of The Master - Giovanni Vacchetta - Artesanal
Produto Artesanal 1 "Giovanni Vacchetta e o Tarot of the Master"
O Tarô do Mestre foi criado em uma era do tarô que estava livre da influência de Waite e de Crowley e certamente não foi criado para ser ligado naquele tempo com nenhuma disciplina esotérica “em particular”.O estilo artístico de Vacchetta é uma mistura de estilos medievais e do final do século XVIII. Algumas imagens são remanescentes do Tarô da Rainha Vitória, nas posses e objetos. Vários simbolismos comuns aos naipes atuais, não correspondem com este naipe que mantêm a forma considerada original.
A plataforma original, sob o título de “Naibi” (naipe) foi projetada com finalidades artísticas, estéticas e simbólicas.
Os Arcanos Maiores ou Trunfos carregam títulos tradicionais com as seguintes exceções: Amor (amantes), Fortuna (roda da fortuna), Homem Pendurado (o enforcado), e As Estrelas (a estrela).
O original está escrito em italiano antigo.Este naipe também mostra uma variação do que chamamos ‘imagem tradicional’. O mago como um mágico de jogo de sorte medieval. A imperatriz que é mostrada sentada comum globo na mão direita e o cetro na mão esquerda. O imperador idem, sendo que a águia está posta em um escudo sobre a parede e não aos seus pés. O carro, que mostra uma figura sentada sobre ele, mas não mostra os cavalos. O eremita assentado com um livro em seu regaço e a lamparina aos seus pés. O homem pendurado suspenso por ambos os pés com as mãos amarradas para trás. A roda da fortuna com um ser dispensador da fartura sobre a rodam que gira mostrando a ascensão do feroz e a queda do frágil.As imagens do naipe de copas são vistos como símbolos de prazeres e apetites diversos. O Cavaleiro e o Pajem sublinhando a natureza comunicativa da suíte, enquanto a rainha (uma cozinheira) representando o alimento, bem como o rei (um viticultor) representa um brinde.O naipe de Espadas é visto como sendo frio e intelectual, como eles são representados pela arma da espada, que é vista não só como um símbolo da nobreza, mas como um símbolo dos direitos temporais civis (lei). Suas imagens refletem o Cavaleiro de Espadas visto como um embaixador, enquanto a rainha aparece como Judith, que transporta a cabeça de um nú Holofermes num saco.As imagens do Naipe de Paus são vistos como o fato da vida, da energia masculina, com o elemento do fogo, e com o trabalho, destacando a natureza rural e pastoral.O Naipe de Ouros é visto como representando mercadorias, bens e a terra. Note-se que para Vacchetta, elas também podem representar o passar do tempo e da história. Sublinham os aspectos econômicos da vida.Na ilustração dos arcanos menores, suas imagens não são simples repetições do objeto tema, mas foram decoradas para ajudar a iluminar o significado. Que é uma coisa boa, uma vez que há uma pequena ajuda à interpretação desses cartões.A numeração original em romanos foi mantida, sendo que a representação do numeral quatro era representada por IIII e não da forma usual hoje, como IV. A forma IV que conhecemos hoje é relativamente moderna, pois foi adotada após o ano de 1.900.A seqüência original das cartas também foi mantida, uma vez que a seqüência numérica dos tarôs atuais segue um padrão adotado no período de Waite e Crowley.Se você é um seguidor dos sistemas tipo Marseille ou Golden Dawn, basta ignorar este baralho. Caso contrário, se você aprecia trabalhar com as imagens mais do que as razões, e gosta de algo em que possa se aprofundar no Tarô este jogo é para você.
Do iniciante ao avançado leitor, este baralho é um surpreendente encontrar…
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
O Tarô
Pois o que você percebe é a sua interpretação."
A Course in Miracles.
O Tarô é uma coleção de 78 figuras apresentadas na forma de um baralho de cartas. Ele é dividido em três seções: os Arcanos Maiores, os Arcanos Menores e as Cartas da Realeza.
Por muito tempo, muitas pessoas não tinham certeza do que as figuras representavam. Havia muitas teorias, e opiniões abundantes, mas em matéria de evidência tangível ou qualquer tipo de consenso, o significado do Tarô, exceto para alguns poucos inicia-dos, permanecia evasivo. O que estava claro, no entanto, mesmo desde o começo, é que de alguma forma o Tarô era uma compilação de figuras do imaginário e da simbologia universais. Ele contém símbolos encontrados em todas as civilizações — antigas e modernas — na forma de pinturas, esculturas, desenhos, ícones, lendas, mitos, religiões e, em resumo, em todas as formas física, mental, emocional e espiritual que as pessoas sempre foram capazes de formar, sonhar, imaginar, expressar ou enquadrar. O Tarô é cosmogônico. É uma coleção de símbolos que cruza todas as fronteiras da cultura, do tempo e do espaço; uma compilação do imaginário inexorável que existe há éons, e permanece no inconsciente coletivo de todos os seres humanos. Ninguém sabe exatamente qual a idade do Tarô, também não sabemos com certeza quem o criou. É possível que seja originário do Egito ou da China. Ele foi associado aos ciganos — descendentes dos egípcios — que há éons migraram para a Europa, logo a derivação do nome, ciganos (em inglês, as palavras Egyptian (egípcio) e gypsy (cigano) soam de forma semelhante). Há também provas de que ele pode ser associado à antiga filosofia taoísta da China. Tao significa "a via" ou "o caminho" que é o que o Tarô também significa, e há paralelos entre os escritos antigos, as práticas meditativas e os ensinamentos do Tao e do Tarô (ver Wilhelm R., O segredo da flor de ouro). Entretanto, não sabemos com certeza onde, por que, ou como o Tarô teve origem, e a única coisa que podemos dizer positivamente é que ele é, sem dúvida, bastante antigo. Oficialmente, o primeiro baralho de Tarô surgiu no século XIV e extraoficialmente, no Egito pré-dinástico.
Além dos dois fatores de simbologia universal e antigüidade duradoura, outro fator significativo sobre o Tarô é que os Arcanos Menores e as Cartas da Realeza são basicamente os mesmos que as cartas de um baralho moderno comum. Ninguém sabe como ou onde as cartas de jogar se originaram também, tampouco por que são desenhadas e dispostas de uma forma determinada. Muito embora em um momento, seja quem for que tenha criado o Tarô e o baralho, obviamente, sabia o que estava fazendo, não foi senão até o século XX que um consenso foi alcançado sobre o que as figuras de fato representam. Aceita-se em geral hoje que tanto o Tarô quanto o baralho de jogo, cada um a seu modo, sejam representações dos arquétipos. Os arquétipos, da forma como são encontrados no Tarô e na religião, são divididos em uma trindade.