quarta-feira, 11 de março de 2009

Por Que a Adivinhação Funciona


Certa vez, o famoso físico E. David Peat escreveu: "Tudo causa
tudo mais."1
C.G. Jung afirmou: "Todo o universo está contido nas mínimas partículas que, portanto, correspondem ao todo"2

André Gide, filósofo e escritor, observou: "A infelicidade resulta de olhar ao redor e controlar o que se vê."3

E Gautama (o Buda) quando perguntado "O que é o Nirvana?", respondeu: "O Nirvana é a conseqüência da compreensão de que todas as coisas
são iguais. "
As virtudes das últimas pesquisas realizadas em várias ciências modernas demonstram fisicamente que aquilo que esses e outros astutos pensadores vêm dizendo o tempo todo é
verdade: tudo no universo está intimamente relacionado a todo o resto. A ciência mais discutida onde isso vem sendo confirmado é a Física Quântica.
O Efeito de Ressonância Eletro-paramagnético (Efeito ERP), um mecanismo da física, foi matematicamente teorizado pelo físico John Stewart Bell em 1964 e, mais tarde, comprovado
pelo físico John Clauser em uma experiência de laboratório na qual fótons subatômicos foram expostos à mesma polarização e depois disparados em direções opostas. Clauser, auxiliado por Stuart Freedman, descobriu que após dois fótons polarizados serem separados, eles ainda respondiam ao mesmo estímulo.
Em outras palavras, quando um era estimulado, o outro, embora a uma certa distância, também respondia. Uma vez exposto, os dois fótons relacionados não podiam mais ser considerados objetos separados, mas de alguma forma mantinham um vínculo misterioso. Alguns físicos teorizaram que após compartilharem uma polarização
comum, independente do quanto duas partículas possam estar distantes uma da outra, ou de quanto tempo passe, elas continuarão a compartilhar a mesma polarização e algo em comum uma com a outra, mesmo talvez pela eternidade e pelo infinito.
A eternidade e o infinito são um tempo muito longo em um vasto espaço para duas coisas compartilharem experiências. Porém, aparentemente, isso é exatamente o que as partículas fazem.
Por incrível que pareça, todos nós possuímos partículas dentro de nós, nesse momento, originárias do "Big Bang" e de toda pessoa e toda criatura viva que já viveu. A física Louise B. Young em seu livro, The Unchanged Universe, fala sobre esse tempo e espaço de partículas sem
fim.
"Em geral acreditamos que todos os prótons que existem hoje — pelo menos um em cada átomo no universo — foram criados no primeiro centésimo de milionésimo de um segundo após o Nascimento Cósmico. Recentemente, os cientistas vêm procurando, com instrumentos sofisticados, sinais de que o próton pode, na realidade, desintegrar de forma espontânea
ocasionalmente, e eles chegaram à conclusão de que se o próton desintegrar de alguma maneira, a vida média deve ser de, pelo menos 100.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000 anos ... Essa unidade extraordinariamente tenaz de matéria serve como o núcleo do átomo
de hidrogênio, o mais simples e mais abundante no cosmos."4
O físico Jean Charon em seu livro The Unknown Spirit: the Unity of Master and Spirit in Space and Time, também menciona o tempo infinito (eternidade) e o espaço sem fim (infinito) das
partículas. Ele diz: "Há mais elétrons em um centímetro cúbico de ar em nosso planeta do que estrelas no cosmos... Como sabemos, Júlio César foi morto em 44 a.C. Como todo mundo faz quando dá seu último suspiro, ele expeliu na atmosfera aproximadamente um litro de ar dos pulmões. Portanto, aqui está a questão: a cada inalação, e em qualquer lugar do planeta, não estamos inalando alguns dos elétrons que constituíram as moléculas de ar do suspiro final de Júlio César? Podemos dizer que esse último litro de ar de César foi uniformemente diluído no planeta durante o passar do tempo, e que penetrou em todas as camadas atmosféricas, atingindo 100 km de altura ao redor do planeta. Um cálculo simples fornecerá a resposta.
`Sim, no momento respiramos aproximadamente 100 elétrons de César em cada inalação: "5
É provável que ninguém seja capaz de provar empiricamente que as partículas são infinitas e eternas, mas o tempo e o espaço que os físicos descobriram que as partículas abrangem é tão fenomenal que não existem muitos de nós capazes de discutir o assunto. O postulado científico de que certas partículas nunca desintegram, e que toda a criatura viva compartilha partículas com cada outra criatura viva, e, já que toda a matéria e o espaço são partículas,
parece sugerir aquilo que os místicos vêm dizendo todo esse tempo: tudo está ligado e tudo que acontece a qualquer um de nós acontece a todos nós.
A física não é, de forma alguma, a única ciência que deduziu que a vida pode estar intimamente ligada de forma infinita e eterna, mesmo em modos manifestos com os quais jamais sonhamos,
porque os pesquisadores modernos de todos os tipos — programadores de computador, matemáticos, astrônomos, astrofísicos, neurologistas — estão se aprofundando em seus campos de especialização e surgindo com protótipos do universo semelhantes.
O Paradigma Holográfico da tecnologia de luz moderna demonstra o mesmo princípio da unidade da vida. Agora que a ciência é capaz de produzir um holograma fisicamente, somos capazes de realmente visualizar como todas as partes estão ligadas, ou contidas em um todo, de forma muito literal. Um feixe de laser é luz concentrada e enfocada no espectro eletromagnético, que o
torna igual às outras formas de luz exceto que nos capacita a ver coisas que nossos olhos físicos não registram na luz difusa comum.

Um holograma é produzido pela divisão de um feixe de luz de modo que o laser se reflete de volta em si mesmo. O resultado é uma imagem tridimensional que de todas as formas, exceto pela ausência de uma barreira material, parece e age exatamente como a realidade tridimensional. Muitos de nós viram o primeiro holograma em um filme chamado "Guerra nas estrelas" quando o R2D2 projetou para Obewankanobee a imagem holográfica da Princesa Lea. A coisa mais interessante sobre um holograma é que todas as suas partes estão contidas na forma de todos menores dentro de um único todo maior. Se um holograma de uma maçã é cortado em 16 pedaços diferentes, cada um dos 16 pedaços contém uma imagem da maçã inteira. Os cientistas não sabem por que ou como isso ocorre, mas dos holográficos (visão total) e dos holofônicos (som total) surgiu o Paradigma Holográfico, que é a teoria de que o universo inteiro é um Super Holograma gigante e que todas as coisas nele são apenas todos menores que constituem imagens completas contidas em um todo maior. O fenômeno holográfico confirmou para algumas
pessoas que a vida não se limita a apenas àquela banda estreita do físico que os cinco sentidos humanos registram, mas podemos sentir sem limites e sem fronteiras. Se lembrarmos daquilo que foi discutido no capítulo 1, isto é, aquilo que Hermes propôs há mais de 3.000 anos e que é denominado de Lei Hermética da Correspondência: assim como em acima, embaixo. E assim como embaixo, em cima. Como na tradução do latim de texto das Tábuas de Esmeralda de Hermes Trismegisto, a Lei Hermética da Correspondência diz precisamente: "Quod est inferius est sicut quod est superius et quod est superius est sicut quod est inferius ad perpetranda miracula rei unias" ("O que é inferior é como o que é superior e o que é superior é como o que é inferior para perpetuar o milagre do deus unificado")6. Para os leitores que desejarem mais informações a respeito do Paradigma Holográfico, Michael Talbot o explica divinamente em seu livro The Holographic Universe.7
C.G. Jung, Marie von Franz, R David Peat e muitos outros eruditos também descreveram o mesmo princípio da unidade universal usando a teoria da sincronicidade de Jung. A definição de
uma sincronicidade é: "uma ocorrência no tempo ou no espaço na qual dois ou mais eventos ou objetos aparentemente não relacionados possuem o mesmo ou semelhante sentido." De forma
mais simplificada, Jung disse que uma sincronicidade é uma "coincidência com sentido".8
Se na vida real as coincidências realmente ocorrem, ou se tudo na vida é tão planejado que apenas parece não estar relacionado quando, na realidade, tudo está muito relacionado, vem sendo seriamente debatido entre alguns dos maiores eruditos em sincronicidade do mundo. Muitos pesquisadores acreditam que há uma simetria comum e universal subjacente em todas as coisas, que tudo é sincrônico, e é apenas em raros momentos que somos capazes de visualizar um mecanismo maior em funcionamento que incorretamente chamamos de coincidência.
E tudo isso é a razão por que a adivinhação funciona. Muito embora não sejamos normalmente capazes de perceber que funciona, aparentemente, tudo funciona. Se você é capaz de ver um
pedaço de um holograma, você conseguirá uma boa noção do holograma inteiro. Se você for capaz de ter um lampejo de uma sincronicidade, você pode ser capaz de ver a parte que ela desempenha em um mecanismo maior. Ou, em outras palavras, todas as coisas estão em todas as coisas.
Sempre disse que um adivinhador suficientemente bom pode ler qualquer coisa, cartas, pedras rúnicas, bola de cristal, folhas de chá, até mesmo as rachaduras da parede. Por ser o mundo uma
semelhança de si mesmo — ou por Deus o ter criado à sua Imagem — como a física quântica, o Paradigma Holográfico, sincronicidade, e muitos outros modelos podem sugerir o que está ao nosso redor, a qualquer dado momento, é aquilo com que somos mais parecidos, mas apenas reconhecemos aquela parte da semelhança à qual somos capazes de perceber. Estamos apenas conscientes de qualquer dimensão, plano, evento, situação ou parte da vida que percebemos,
e a razão pela qual o percebemos em primeiro lugar é porque isso é aquela parte com a qual somos mais parecidos. Quando colocamos as cartas do Tarô estamos tentando olhar para uma parte da vida que não reconheceríamos normalmente. E, independente do sucesso ou
fracasso, de qualquer forma veremos nosso próprio reflexo nas cartas, tão certamente quanto se fossem espelhos muito polidos refletindo a própria imagem de nós mesmos.
Se isso parece simplista, talvez seja porque, no fim, é possível que o universo em si seja simples. Em geral, são as pessoas que tendem a complicar as coisas. A teologia e a mitologia atribuem
todo o nosso problema de início ao Pecado Original. O Pecado Original ocorreu quando Adão e Eva (ou suas contrapartidas culturais em outras religiões) foram expulsos (ou escolheram deixar,
dependendo de que versão da estória você está lendo) do Jardim do Éden e se separaram de Deus. A estória de Adão e Eva pode ser literalmente verdade, ou uma alegoria mitológica, mas seja qual for é supostamente quando primeiro a humanidade começou a acreditarse
separada de Deus. E, uma vez que Deus é um e Todo, é também quando começamos a nos ver separados e divididos de tudo o mais também. Aparentemente, a humanidade não mudou tanto assim desde que Adão e Eva originalmente expressaram sua individualidade, porque ainda nos vemos como indivíduos, separados de Deus, e de outras pessoas, e de outras criaturas.
Curiosamente, em geral, nos vemos como melhores do que todos os acima. O que, de acordo com os Sufis, foi o que causou a Queda, ou separação, e ainda continua a causá-la. O fato de que não
conseguimos ver o Todo como a Unidade e nos acreditamos corpos e mentes separados parece resultar de cada um de nós ser limitado àquilo de que estamos pessoalmente conscientes. Ou como Jung uma vez escreveu: "Vemos aquilo que enxergamos."10 Todo conflito deriva da incapacidade de perceber outras realidades.
Em teoria, a adivinhação pode funcionar para qualquer um. Em teoria, qualquer coisa pode ser lida, até mesmo um aquário. No entanto, a capacidade de adivinhar qualquer coisa com precisão
depende da boa capacidade de visão do leitor. Se as pessoas se deixarem cegar pelas próprias projeções, se estiverem fixadas subconscientemente nas crenças pessoais de forma que sejam incapazes de ir além dos próprios temores e desejos (seus ângulos pessoais sobre o Anjo/Ancanjo/Arcanum), elas não serão capazes de ver qualquer coisa, mas o próprio subconsciente em uma leitura, não importando para quem está sendo feita a leitura. Uma vez que, na realidade, o universo é um todo único indivisível, quanto mais as pessoas se sentirem separadas de alguma coisa nele, menos são capazes de ver qualquer coisa exceto as próprias crenças em outras pessoas e em virtualmente tudo que existe. Já que todos enxergam as próprias semelhanças, ou ângulos, ou porque igual atrai igual, com freqüência, acontece que as pessoas buscam respostas de outras pessoas que têm os mesmos problemas, idéias e situações na vida. Por essa razão, psiquiatras, conselheiros e tarólogos parecem, muitas vezes, saber a resposta para certos problemas, mas o conselho ou a leitura oferecidos serão tão limitados, ou ilimitados, quanto os leitores e consulentes.
A adivinhação bem-sucedida não é aleatória, nem por acaso. É um reflexo codificado do universo agindo em nós e em tudo que existe. As cartas não fazem acontecer o que nós vemos nelas, elas
meramente refletem o que já está lá. Elas refletem aquela porção do Todo que somos capazes de reconhecer. Não importa se colocamos Tarô por brincadeira, negócio, uma sensação de poder, crescimento ou busca espiritual, ele funciona. E como tudo o mais na vida — nossos empregos, relacionamentos, objetivos, carros e cafeteiras —, ele funciona na proporção exata daquilo que damos a ele e daquilo que somos capazes de receber dele. Talvez seja como C.G. Jung disse certa vez: "O espírito e o sentido de Cristo estão presentes e são perceptíveis por nós sem a ajuda de milagres. Apenas aqueles que não conseguem perceber o sentido dos milagres desejam entendê-los. Eles são meros substitutos para a realidade incompreendida do Espírito. "11

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1. E. David Peat, Synchronicity: lhe Bridge Between Matter and Mind, p.47.
2. C.G. Jung. Psyche ér Symbol, p.250.
3. André Gide, The Fruiu of the Earth, p.14.
4. Louise B. Young. The Unchanged Universe, p.39.
5. Jean Charon, The Unknown Spirit. The Unir), of Matter and Spirit in Space and Time, p.100.
6. Mouni Sadhu, The Tarot, p.44.
7. Tradução literal: O universo holográfico.
8. C.G. Jung. Synchronícity: An Acausal Connecting Principie, p.21-5.
9. A autora pretende fazer uma associação entre Horseshoe Lane [via da ferradura] e
Palomino Drive [alameda dos palominos, um tipo de carvalho)
10. C.G. Jung. Psychological Types, p.9.
11 . C.G. Jung, Psychology & Religion — West & East, parágrafo 554.
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Bibliografia:
Riley. lana, Dictionary and Compendium, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 1995

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom...
As pessoas não acreditam porque elas precisam buscar esse entendimento, e a maioria não está pronta para encarar a realidade. Nem para aceitar o que elas são capazes de ver.

A carta que expressa os meus desejos é a carta numero 9 O Eremita, por isso acabei nesse site como muitos outros que ja visitei na ansia de conhecer mais sobre mim mesmo para descobrir meu lugar no mundo... Coloquei as cartas para ler sobre mim e funcionou quase cirurgicamente...

"Conhece-te a ti mesmo"...